Por que Eduardo Costa de novo para a Direção de Farmanguinhos?
Comecei a trabalhar com o Eduardo no final de 2005. Uma personalidade marcante, uma sofreguidão de fazer, de mudar, uma visão de Brasil como há muito eu não via, não vivia. Extremamente racional, e com uma obstinação de alcançar suas metas que chegam a assustar.
Hoje tenho orgulho de dizer que participei deste processo capitaneado pelo Eduardo. Não foi fácil, partimos de um cenário muito ruim em Farmanguinhos e, para piorar, enfrentamos um momento de mudanças de quase todas as regras: das regras de financiamento do Ministério, da inspeção e registro na Anvisa, na relação com a Fiotec. Ainda por cima, tínhamos que realizar a mudança do site do campus Fiocruz para Jacarepaguá. Para piorar ainda mais, a gestão anterior havia investido na instalação em um tipo de fábrica para a qual agora não tínhamos clientes.
O Eduardo foi à luta, teve uma tremenda coragem de questionar e mudar práticas burocráticas consolidadas. Identificou um espaço para Farmanguinhos que nenhum laboratório público ousou. Se dentro estava muito complicado, sua ação nos fortaleceu, de forma incrível, para fora. Hoje tudo, rigorosamente tudo, o que existe de concreto na política governamental para o Complexo Industrial da Saúde tem a participação ou o protagonismo de Farmanguinhos e foi conscientemente conduzido pelo Eduardo. Todos nós ajudamos, mas temos que dar a mão à palmatória: não teria acontecido sem ele.
Bom, alguém pode dizer, e dai? E eu, terceirizado ou servidor, o que ganhei com este furacão que acometeu Farmanguinhos?
É só refletir um pouco para entender que boa parte do que Farmanguinhos realizou nos últimos três anos fez história. E Farmanguinhos é sua equipe. Cada um de nós leva para sempre ter feito parte da equipe que efetivou a produção do Efavirenz, primeira quebra de patente no Brasil. Nós somos da equipe que viabilizou o registro de farmoquímicos no Brasil, um marco regulatório histórico. Isso não conta? Com esta ampliação da atuação de Farmanguinhos no cenário nacional, amplia-se a rede de relacionamentos e de atuação de cada um de seus colaboradores. Se nada disto importa, eu acho muito triste exercer nossa profissão, é muito chato viver.
Poderia dizer muito mais, parando para pensar fico impressionada com o quanto se fez para o país. Impressionada e orgulhosa. Mas para mim tudo isso ainda não responde à pergunta que provocou este texto.
Alguém pode pensar: está bem, mas agora é só ir adiante. Aqui quero lembrar a última palestra do Carlos Gadelha em nosso Centro de Estudos. Disse o Gadelha, após apresentar os avanços da política que tem como objeto o Complexo Industrial de Saúde do Brasil: “O jogo só começou, a partida está longe de estar vencida. Muito facilmente tudo o que foi conquistado pode ser perdido”.
Pois é, esta é a resposta para: POR QUE EDUARDO DE NOVO PARA A DIREÇÃO DE FARMANGUINHOS?
Jamaira Giora