Eduardo Costa responde pergunta da área de Pesquisa
Pergunta:
1) Dr. Eduardo, nosso sentimento como pesquisadores é que, a exemplo da gestão anterior, a Pesquisa foi relegada a segundo plano na sua administração. Quais foram as razões para isso ter acontecido? Faltou dinheiro, vontade política ou um bom Vice-diretor (a)?
Resposta:
Não concordo com essa avaliação de que a Pesquisa foi deixada de lado, ou em segundo plano, como se fosse algo intencional.
ESPECIALMENTE QUE FOSSE UMA QUESTÃO DA VICE-DIREÇÃO.
Continuarei a elogiar o trabalho da Dra. Graça na primeira parte da gestão, ainda que ela tenha tido resistências internas e que - do meu ponto de vista, perfeitamente compreensível -, não tenha aceitado que o setor de compras da parte da pesquisa ficasse dentro da estrutura da VDEPI.
Pensei no Siani para substituí-la, pois a prioridade da área de pesquisa era a parte de Fitomedicamentos. Entretanto, como ele não aceitou o convite, partimos para outras soluções.
Antes de nomear o Sérgio interinamente cheguei a propor em reunião de Diretoria que se escolhesse por eleição interna, mas todos alegaram que ia fraturar ainda mais a pesquisa em função das antigas disputas.
Sérgio Goes assumiu exatamente para que as imaginadas dificuldades com a estrutura central da VDAI pudessem ser superadas. E agora, com a Marcia, não vejo também maiores questões. Essa crítica pode partir de quem queria ser nomeado sem respaldo da própria VDEPI.
Ademais, lembramos que na gestão anterior ninguém foi nomeado para dirigir a área.
No substantivo: eu gostaria que o projeto que tínhamos no início da gestão para a pesquisa tivesse ido mais longe, mas uma série de fatores internos e externos não permitiu isso.
Posso enumerar para não alongar:
1 - Não conseguimos licitar e preparar os laboratórios no CTM para realocar o pessoal que está em Manguinhos.
No cronograma, a síntese já estaria no CTM e uma maior parte da plataforma de métodos analíticos também.
2 - A constituição do Centro de PN, com estrutura da química e farmacologia, também poderia agora estar, pelo menos, em construção.
(Lembro que também ao deixar o CDTS, com a licitação pronta, em agosto de 2005, apareceram recursos e só agora, quase quatro anos depois, inicia a obra.)
3 - A distância do cotidiano nessa fase de reestruturação funcional criou a sensação de abandono, que de fato não existiu. A maior dedicação pessoal do Diretor à produção e relações interinstitucionais era necessária e óbvia, pela inadimplência recebida e queda da demanda de nossos medicamentos.
4 - Buscamos, e conseguimos, num primeiro momento, colocar no orçamento do MS para 2007 R$15 milhões para a infraestrutura de pesquisa. Mas, na mudança de ministro e gestão do MS, apesar de todo o empenho, inclusive do então presidente da Fiocruz e meu, esse recurso de Farmanguinhos "desapareceu”.
A infra de pesquisa ainda tem de vir da venda de medicamentos, e apenas a parte de despesas operativas diretas são financiadas (ou melhor sub-financiadas), projeto a projeto.
Há outras questões, mas quero reafirmar o que já disse: é hora de repensar a pesquisa em Farmanguinhos, inclusive o que e para onde mudar, principalmente porque A PRESSÃO DA PRESIDÊNCIA PELA MUDANÇA TOTAL ABRANDOU.
Também não devo deixar de salientar que não ter podido haver uma gestão melhor, como todos desejavam, não quer dizer que não alocamos recursos, ou que houve abandono. Mas é certo que se estivéssemos mais integrados no dia a dia seria melhor, até para que o "pessoal da pesquisa" entendesse nossas dificuldades operativas. No entanto, na VDEPI estão 13 novos servidores estatutários.
Já pedi um levantamento de equipamentos, inclusive comparativo de computadores. Lembro perfeitamente, na campanha anterior, de pessoas que não podiam trabalhar porque alguém tinha levado - sem justificar - seu computador.
Tiramos fotos também do esgoto das casas ao lado que corria para dentro da fábrica e da síntese.
Quando se fala na questão de não conseguir acelerar alguns projetos de pesquisa, devemos lembrar que na gestão anterior nenhum projeto PDTIS andou de fato.
E é sempre bom lembrar que hoje temos pós-graduação lato senso, e logo teremos o Mestrado Profissional - tudo inexistente antes.
Eduardo Costa